Agronegócio
Hipocalcemia em vacas leiteiras: nova estratégia para evitar
Ao longo da última década, houve muita pesquisa e discussão sobre a importância do manejo de vacas leiteiras no perÃodo periparto
Ao longo da última década, houve muita pesquisa e discussão sobre a importância do manejo de vacas leiteiras no período periparto, ou seja, no período que abrange três semanas antes do parto até três semanas depois do nascimento do bezerro, para reduzir a incidência de hipocalcemia. Alguns estudos confirmaram o que já sabíamos, outros expandiram nossa base de compreensão e alguns investigaram novas estratégias.
A partir de todas essas pesquisas, vários pontos chave de entendimento foram obtidos:
A hipocalcemia, tanto nas formas clínicas (febre do leite) quanto subclínicas do distúrbio, tem consequências negativas para a vaca, como maior incidência de outros distúrbios relacionados à saúde, custos adicionais de tratamento, menor fertilidade, uma redução significativa na produção de leite e, para o proprietário da propriedade leiteira, menor lucro por vaca.
O tempo de recuperação do status normal de cálcio sérico após o parto é mais importante do que uma avaliação pontual única.
Não há estratégia que resulte em zero incidências de hipocalcemia, mas algumas estratégias alimentares oferecem um melhor retorno sobre o investimento do que outras.
A alimentação com uma dieta acidogênica (também conhecida como dieta DCAD negativa) ajuda a otimizar o metabolismo do cálcio (por meio da PTH e da vitamina D) antes do parto, o que pode ajudar a reduzir a incidência de hipocalcemia, resultando nos melhores resultados para a vaca e para o proprietário da propriedade leiteira.
Uma abordagem confiável
Embora ainda existam algumas opiniões divergentes sobre como formular da melhor maneira uma dieta acidogênica (nível de DCAD; nível dietético de cálcio e fósforo), uma coisa é certa: a alimentação com uma dieta acidogênica é, de longe, a estratégia mais comprovada por pesquisas para ajudar a melhorar o status de cálcio pós-parto em vacas e é a mais implementada nas propriedades leiteiras atuais, e por boas razões.
Fornecer às vacas leiteiras pré-parto uma dieta acidogênica resulta em impactos positivos no metabolismo do cálcio, o que pode resultar em maior absorção de cálcio dietético pelo tecido intestinal e liberação de cálcio dos ossos, fornecendo mais cálcio “disponível” para a vaca. Em outras palavras, isso funciona com os principais mecanismos de regulação do cálcio da vaca para manter concentrações normais de cálcio no sangue.
A pesquisa mostrou que fornecer uma dieta acidogênica às vacas leiteiras no pré-parto pode levar a:
Menor incidência de hipocalcemia.
Ausência de impacto ou uma pequena diminuição na ingestão de matéria seca pré-parto, dependendo da fonte e do nível do ânion.
Melhora na ingestão de matéria seca pós-parto, permitindo que a vaca atenda às necessidades nutricionais aumentadas para a síntese de leite.
Melhor desempenho reprodutivo.
Aumento na produção de leite, tornando a vaca mais eficiente e os produtores de leite mais lucrativos.
Um olhar mais atento a uma nova estratégia
Uma nova estratégia adota uma abordagem diferente, utilizando a regulação do fósforo, e não do cálcio, para elevar as concentrações de cálcio no sangue. Essa estratégia depende do fornecimento de uma dieta deficiente em fósforo, seja por meio do fornecimento de fósforo abaixo das necessidades dietéticas ou pela adição de um agente ligante de fósforo, para induzir a reabsorção de fósforo dos ossos. Como o fósforo e o cálcio estão ligados para formar a matriz do tecido ósseo, a quebra do tecido ósseo libera ambos os minerais na circulação.
Embora essa estratégia possa apoiar um suprimento de cálcio a curto prazo e ajudar a manter altas as concentrações de cálcio no sangue em torno do parto, uma análise mais detalhada revela por que não é a melhor abordagem para gerenciar o status de cálcio em vacas no período periparto.
Como mencionado, fornecer uma dieta deficiente em fósforo eleva as concentrações de cálcio no sangue por meio de um mecanismo secundário. Estudos demonstraram que essa estratégia resulta em concentrações de fósforo no sangue (0,95 mmol/L) e salivares (5,53 mmol/L) abaixo do normal. Uma vez que o pool rapidamente disponível de fósforo do sangue e da saliva se esgota, a vaca precisa mobilizar os ossos para reverter a grave deficiência de fósforo, reabastecer as concentrações sanguíneas e salivares e atender à necessidade de deposição de fósforo no leite.
A pesquisa mostrou que fornecer uma dieta pré-parto deficiente em fósforo pode resultar em:
Concentrações elevadas de cálcio no sangue, quando comparadas a vacas que não receberam um programa de prevenção de hipocalcemia pré-parto.
Diminuições significativas na ingestão de matéria seca pré-parto, com a queda da ingestão se tornando mais evidente à medida que a vaca se aproxima do parto (redução de 16% a 20% na última semana antes do parto).
Diminuição significativa na atividade de ruminação pré-parto, mais de 40 minutos por dia a menos do que vacas alimentadas com uma dieta não acidogênica e uma dieta acidogênica pré-parto.
Nenhum efeito (nenhum benefício) na produção de leite.
À medida que as pressões competitivas para produzir leite de maneira mais econômica aumentam e impõem maiores demandas ao desempenho econômico das propriedades leiteiras, o uso de tecnologias comprovadas que resultam em retorno sobre investimento é crítico. Fora a produção de leite, nenhum outro indicador de saúde ou desempenho da vaca, medido e monitorado, influenciado pela ingestão de nutrientes da dieta, é tão analisado quanto as medidas de hipocalcemia (tanto clínicas quanto subclínicas). Assim como em todas as decisões, muitos fatores precisam ser considerados. No entanto, quando pesquisas e estratégias testadas em fazendas que também oferecem retorno sobre investimento estão disponíveis, a escolha é simples: adotar a estratégia que traz mais resultados.
As informações são da Phibro Animal Health Corporation, traduzidas pela equipe MilkPoint.
Página:
https://portalghf.com.br/noticia/agronegcio/2024/10/22/hipocalcemia-em-vacas-leiteiras-nova-estratgia-para-evitar/22188.html