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Agronegócio

Eleições nos EUA e juros no Brasil: o que esperar do mercado?

Semana foi marcada por desvalorização do real frente ao dólar

Foto: Leonardo Gottems

O mercado da soja teve a influencia de diversos fatores nesta última semana, como as recentes chuvas nas principais regiões produtoras do Brasil impulsionaram o ritmo de plantio, especialmente no Mato Grosso, que já alcançou 79,56% da área prevista, conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA). Enquanto isso, nos Estados Unidos, a colheita de grãos se aproxima de 100% da área plantada. Apesar disso, a comercialização mais lenta dos grãos norte-americanos trouxe pressão de baixa para as cotações na Bolsa de Chicago (CBOT).


Segundo análise de mercado da Grão Direto, a semana também foi marcada pela desvalorização do real frente ao dólar, com a taxa de câmbio fechando a R$5,89 e os contratos futuros de soja registrando leve alta na CBOT. A expectativa é de que a decisão do Banco Central sobre a taxa de juros, marcada para esta quarta-feira, e as eleições norte-americanas possam trazer novos impactos ao câmbio e ao mercado de grãos.

E ainda de acordo com a análise, o clima seguirá como um dos fatores decisivos para as movimentações financeiras. O plantio no Brasil segue avançando, e as condições climáticas permanecem favoráveis para um bom desenvolvimento das lavouras na maior parte das regiões produtoras. Como já havia sido alertado, um bom início de safra exercerá pressão de baixa nos prêmios futuros, mas, conforme a safra avança e nenhum problema se apresenta, as condições atuais, se mantidas, levarão o Brasil a outra safra recorde. A expectativa de 166 milhões de toneladas projetada pela CONAB segue realista e pode sofrer ajustes para cima.  


Além disso, o Brasil está com um ritmo acelerado nas exportações de farelo de soja, com cerca de 18 milhões de toneladas exportadas em 2024, o que representa um aumento de 1,8% em relação a 2023 até o momento. O motivo do impulso nas exportações é a antecipação das compras do bloco europeu, em função da expectativa de vigência da EUDR (European Union Deforestation Regulation), uma lei imposta pela União Europeia que proibirá a importação de produtos provenientes de áreas desmatadas após dezembro de 2020. Vale destacar que a lei está proposta para entrar em vigor no dia 30 de dezembro, podendo ser prorrogada em um ano. Esse aumento na demanda tem gerado um efeito positivo nos prêmios da soja spot. 

Por fim, nesta quarta-feira (06.11), o Banco Central do Brasil decidirá a taxa de juros para os próximos 45 dias. A expectativa do mercado é de um aumento de 0,5 ponto percentual, elevando a taxa para 11,25% ao ano. A reunião ocorrerá um dia após as eleições nos EUA, onde, caso Trump seja eleito, espera-se um cenário de reduções mais rápidas na taxa de juros. Com a elevação para 11,25% ao ano no Brasil e um possível cenário de redução nos EUA, o dólar pode encontrar resistência para continuar subindo; contudo, até a confirmação desse cenário, mesmo com a alta de juros, o real tende a se desvalorizar. 

A Grão Direito afirma que, é possível que a semana seja negativa em Chicago, restando ao dólar, principalmente, fazer o contrapeso das cotações aqui no Brasil. No interior os prêmios devem seguir valorizando para o grão disponível. E o cenário persiste pessimista para nossa moeda.

Agrolink - Aline Merladete
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