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Agronegócio

Depois da carne bovina, setor de aves e suínos adere à boicote ao Carrefour

Mobilização ganha força com dezenas de entidades, Governo, Congresso, hotéis e restaurantes

A reação brasileira contra a suspensão do Carrefour às carnes do Mercosul ganhou reforços nesta segunda-feira.

Depois da carne bovina, a indústria de aves e suínos também decidiu não mais vender seus produtos a lojas da rede varejista no Brasil.

A informação foi publicada pela Globo Rural e acirra ainda mais o cabo de guerra iniciado com as declarações do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, na semana passada, sobre sua decisão de barrar a compra de carne do Mercosul para unidades da companhia na França.

Segundo a reportagem, uma fonte que comentou em condição de anonimato disse não haver um movimento formal, "mas várias empresas de frango e suínos estão suspendendo as negociações ao Carrefour do Brasil".

Entre elas, frigoríficos como a BRF, Seara, Aurora e cooperativas do Sul do país teriam aderido ao boicote. Amanhã (26/11) deve ocorrer uma reunião do conselho da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para discutir o tema.

Ainda de acordo com a fonte, a carne que deixará de ir para as redes de varejo do grupo Carrefour, que inclui as 430 lojas do Atacadão e do Sam's Club, somadas, serão encaminhadas para outras companhias.

Apenas em novembro, quatro grupos franceses manifestaram-se contra o Mercosul "em favor da agricultura nacional”. Além do Carrefour, a rede "Les Mousquetaires" e os grupos agrícolas Danone e Tereos criticaram a possível conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia, alegando concorrência desleal.

Apoio político
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, já havia manifestado contrariedade às declarações do grupo francês e manifestou apoio ao movimento da iniciativa privada. Em comentário sobre o tema hoje, ele elevou o tom.

"É inaceitável questionar a qualidade ou a sustentabilidade de nossa produção. Se não querem comprar, é um direito deles, mas não sob alegações falsas sobre sanidade ou sustentabilidade. Que digam que é por protecionismo de forma transparente”, declarou.


Além dele, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, levantou-se contra a declaração dos franceses e sinalizou que o Projeto de Lei 1406/24, sobre reciprocidade ambiental, deve ser pautado ainda esta semana no Congresso.

O PL visa proibir o Brasil de assinar acordos internacionais com cláusulas ambientais que restrinjam exportações sem que os países signatários adotem medidas equivalentes de proteção ambiental.

“O Brasil, como Congresso Nacional, empresários e população, precisa dar uma resposta clara. Não é possível que o CEO de um grupo importante como o Carrefour não se retrate da decisão de excluir proteínas animais da América do Sul”, afirmou Lira durante o evento CNC Global Voices.

Hotéis e restaurantes
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) aderiu ao boicote à rede Carrefour e encorpou as manifestações após a empresa francesa anunciar que não comprará mais carne de países sul-americanos.

Além disso, comenta-se em grupos de redes sociais ligadas ao agronegócio que outros segmentos devem aderir ao boicote ao Carrefour. Vale lembrar que o Brasil representou 23,3% do faturamento global da rede francesa no segundo trimestre deste ano.

Por redação | Agrofy News

Página:

https://portalghf.com.br/noticia/agronegcio/2024/11/26/depois-da-carne-bovina-setor-de-aves-e-sunos-adere-boicote-ao-carrefour/22738.html