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Agronegócio

Crescimento do milho pipoca no Brasil: mercado interno e externo e seus cenários

Nos últimos 12 anos, a produção do milho-pipoca aumentou no país

Até final dos anos 1990, a maior parte da pipoca consumida no Brasil era importada da Argentina ou dos Estados Unidos. A partir de 1997, o Rio Grande do Sul e depois o Mato Grosso começaram a produção do milho pipoca.

Hoje, o estado de Mato Grosso se destaca na produção da espécie do grão, principalmente a cidade de Campo Novo do Parecis.

O Brasil é o segundo maior consumidor e produtor de pipoca no mundo, atrás somente dos Estados Unidos.

Nos últimos 12 anos, a produção do milho-pipoca, boa opção para rotação de culturas na safrinha, aumentou no país.

Em 2012, o Brasil produziu 114 mil toneladas do milho pipoca e para esse ano a safra está projetada em 382,5 mil toneladas, crescimento de 235,5 %. Em relação ao ano passado, o crescimento será de 54,5%. Em 2023, foram produzidas 247,5 mil toneladas de milho pipoca.

Os Estados Unidos têm safra para este ano projetada em 508 mil toneladas, por exemplo.

Confira a evolução nos últimos cinco anos da produção no Brasil:

2020 - 224.784 toneladas
2021 – 217.476 toneladas
2022 – 214.500 toneladas
2023 – 247.500 toneladas
2024 – 382.500 toneladas (projeção)

Aumento na área de cultivo
A área de cultivo em 2024 abrange 85 mil hectares, salto de 54,5% em relação ao ano passado. A produtividade também aumentou e pode atingir quase 85 sacas por hectare este ano.

A qualidade teve melhorias significativas, incluindo a redução de piruás (grãos que não estouram) e um aumento na maciez da pipoca, graças a investimento em sementes, solo e novas tecnologias agrícolas.

Quando a gente fala em Brasil, falamos em Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso.

A cadeia produtiva afirmou que já sabe que o Brasil não vai absorver toda pipoca que vai ser produzida aqui, em uma chamada super safra, e sabem que existe a necessidade de se vender o excedente para fora.

“No Brasil há crescimento na exportação, mas estamos longe dos Estados Unidos. Eles chegam nas “bocas famintas” de alguns mercados e nós ainda não. No setor de pipoca do micro-ondas, por exemplo, o Brasil ainda não participa e os Estados Unidos nadam de braçada”, explica o gerente técnico da Basso, Murilo Bertolucci.

Exportações
O Brasil é o segundo maior exportador do mundo de milho pipoca. O Brasil exportou 12.045 mil toneladas no ano retrasado de milho pipoca e em 2023 exportou 75 mil toneladas, um crescimento de 525%, segundo o sistema para consultas de dados do comércio exterior brasileiro (Comex Stat)

Arábia Saudita, Egito, Colômbia e Peru são alguns dos compradores do Brasil.

Entre janeiro e abril, o país exportou 12.399 mil toneladas aumento de 8, 57% em relação ao ano passado e já batendo o montante do ano inteiro de 2023.

Falta de informação do mercado chines
Para aumentar a exportação do produto, o setor visa entrar no mercado da Ásia, principalmente na China. Para isso quer investir também em divulgação.

“Será que o nosso produto está chegando lá, será que eles conhecem a nossa pipoca? Será que eles sabem que no Mato Grosso se produz pipoca de qualidade que pode suprir a demanda deles?”, indaga Bertolucci.


Neste ano, o Brasil vai concorrer novamente com a Argentina pelo mercado externo. A dúvida é se o país vizinho voltará ao mercado externo diante ainda da incógnita da safra este ano. As exportações da Argentina melhoraram em 2024, mas ainda está aquém da média histórica deles, apontam os produtores.

O grande desafio para o produtor é também se manter competitivo no mercado externo.

Qual são os outros desafios?
Os próprios produtores respondem.

A produtora Andréia Stefanello plantou 1.500 hectares de milho pipoca nesta safra e a expectativa não foi atendida por enquanto, ela conta.

“O grande desafio é o que fazer na próxima safra, o que vai fechar a conta? Milho, gergelim, painço, pipoca? Todo custo está elevado. Todo o produto está com preço bem acima do que precisava. A pipoca tem um mercado cativo. Ele tem pipoqueiros e digamos assim os pipoqueiros vão continuar plantando pipoca. As pessoas que entraram somente agora nesse mercado, eu creio que estão em dúvida se continuam. A nossa ideia hoje é continuar, não sei se no mesmo tamanho.”

Já Carina Kurtis Stefanello teve em sua fazenda 1850 hectares de milho pipoca cultivada. Segundo Carina, a comercialização da safra é o grande desafio. “Nós temos a safra atual pouco comercializada até agora porque vendemos ao longo do ano para clientes específicos, cinema, empacotadores, entre outros. Mas é um cenário preocupante.”

O engenheiro agrônomo Gustavo de Carvalho Teixeira, hoje gerente da agroindústria Cooperáguas vê o futuro como promissor, mas sem espaço para crescimento por enquanto.

“O futuro é promissor, mas já enxergava isso há 20 anos, só não aumentamos porque dependemos da Argentina que é nosso concorrente maior. Não tem espaço para crescer, só se acontecer alguma quebra em algum lugar do mundo. Para crescermos, alguém tem que parar de plantar, então não tem como aumentarmos a produção. As pessoas não vão comer mais pipoca do que já comem. As pessoas vivem sem pipoca, então não tem como”, explica.

Fabio Frattini Manzini
Agrofy News
repórter freelancer

Página:

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