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Como estão as condições de clima no Rio Grande do Sul?

O Estado foi marcado por tempo predominantemente seco e temperaturas elevada. A previsão para os próximos dias indica possibilidade de chuvas isoladas em algumas regiões e a manutenção do calor intenso em todo o RS. Confira!

Publicado por: MilkPoint
Rio Grande do Sul foi marcado por tempo predominantemente seco e temperaturas elevadas. Na quinta-feira (30/01), a formação de instabilidades no Norte do Estado, associada a um cavado entre o Paraguai e a divisa do RS e SC provocou chuvas de intensidade fraca a moderada sobre as regiões Norte e Campos de Cima da Serra. Nas demais áreas, o tempo permaneceu estável, com temperaturas amenas ao longo do dia. Esse padrão meteorológico se repetiu durante toda a semana, caracterizado por tempo seco na maior parte do Estado e por chuvas isoladas, principalmente à noite, nas regiões Norte e nordeste.

Os próximos dias

A previsão para os próximos dias indica possibilidade de chuvas isoladas em algumas regiões e a manutenção do calor intenso em todo o Estado. Na quinta-feira (06/02), uma área de instabilidade vinda do Uruguai deverá avançar sobre o território gaúcho, favorecendo a ocorrência de chuvas isoladas no Sul, na Campanha e no Centro. Simultaneamente, a formação de um cavado entre o Paraguai e a divisa entre RS e SC poderá gerar precipitações nas regiões centrais, Norte e Nordeste. Apesar dessas instabilidades, a interação entre os jatos de baixos níveis e um anticiclone posicionado no oceano continuará canalizando ar quente para o Rio Grande do Sul.

Figura 1 - Chuva prevista (em mm) pelo modelo GFS de 06 a 12/02/2025.

Chuva prevista (em mm) pelo modelo GFS de 06 a 12/02/2025.

Produção de leite

As elevadas temperaturas impactaram o bem-estar das vacas e a produção de leite. O estresse térmico é mais evidente em sistemas a pasto, onde os animais reduzem o tempo de pastejo, buscando sombra ou proximidade de corpos hídricos nos períodos mais quentes. Em sistemas confinados, a ventilação e a aspersão de água têm sido estratégicas essenciais para mitigar os efeitos do calor extremo. Em muitos casos, a ordenha matinal foi atrasada, e a da tarde antecipada a fim de preservar o pastoreio. A suplementação com ração e silagem foi realizada em áreas cobertas durante os períodos de maior insolação, minimizando a exposição direta ao sol e garantindo melhor consumo dos alimentos. A sanidade dos rebanhos permanece satisfatória, e prossegue-se o protocolo de controle de ectoparasitos.

Milho silagem

A colheita do milho silagem, semeado no início do período recomendado pelo ZARC, foi finalizada com produtividade considerada satisfatória, uma vez que a escassez hídrica não impactou significativamente o desenvolvimento das lavouras. As lavouras semeadas de forma mais tardia, especialmente nas regiões Centro e Oeste, apresentaram desempenhos variáveis, refletindo a distribuição irregular de umidade. Algumas foram severamente prejudicadas pela estiagem durante a fase reprodutiva, o que afetou o potencial produtivo. Nas demais regiões, o quadro é mais favorável em função do menor impacto climático. No período, também foram realizados novos plantios para a safrinha, predominantemente ao Norte do Estado.

Pastagens

As condições das pastagens variam significativamente. Nas áreas a Leste do Estado, onde as precipitações foram mais frequentes, há manutenção na oferta de forragem. Nas regiões de maior deficiência hídrica – localizadas especialmente a Oeste – as pastagens anuais apresentam desenvolvimento limitado devido à precipitação irregular de baixos volumes e ao intenso calor. Onde há manejo adequado de lotação, observa-se o rebrote moderado das forrageiras. Porém, a rápida perda de umidade no solo pode levar à nova interrupção do crescimento. Em áreas de pastejo contínuo, o cenário permanece inalterado, e predominam plantas excessivamente pastoreadas. Espécies invasoras, como milhã, papuã e capim-arroz, tornam-se alternativa alimentar diante da ausência de rebrote das espécies cultivadas.

Grãos

O período seco e quente favoreceu a maturação das lavouras de milho, resultando em uma evolução significativa da colheita, que passou de 38% para 43% da área projetada. Na Região Oeste do Estado, a colheita foi concluída em diversos municípios. Nas lavouras semeadas no início do período recomendado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), os resultados estão muito satisfatórios, com mínimas intercorrências causadas por condições adversas. No entanto, os cultivos semeados mais tardiamente enfrentaram os impactos da estiagem, principalmente onde as precipitações foram baixas. Nessas áreas, as perdas tendem a ser expressivas, uma vez que há comprometimento do porte das plantas e da emissão foliar, além de impacto direto na polinização. Como o período de enchimento de grãos ainda não ocorreu, e não há previsões favoráveis de precipitação, o potencial produtivo da cultura segue sob risco elevado.

Os cultivos de soja no Estado estão heterogêneos entre as regiões devido à distribuição irregular das chuvas. A condição das lavouras permanece crítica em diversas áreas, especialmente no Centro e no Oeste, onde os volumes de chuva têm ficado abaixo da média histórica desde novembro de 2024. Parte das lavouras apresenta grande redução no potencial produtivo, e algumas perda total, inviabilizando a colheita. A inacessibilidade a seguros agrícolas públicos ou os custos elevados dos privados, em função da recorrência de perdas por eventos climáticos, particularmente no Noroeste, agravam a situação financeira dos produtores.

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