Com problemas logísticos nos portos, São Paulo inicia nesta semana a exportação de café para a França por meio de um transporte sustentável, sem emissão de carbono e poluição do oceano.

O Porto de São Sebastião, no litoral paulista, será o ponto de partida para o carregamento de cerca de 600 toneladas de café, que partirão de uma fazenda em Mococa rumo ao porto de Le Havre, na França.

O transporte será realizado por um veleiro movido a vela e energia eólica, com uma viagem estimada de três semanas.

A operação envolve a exportação de 9,8 mil sacas de café, distribuídas em 700 pallets, cada um contendo 14 sacas. Além do café, algumas sacas de cacau brasileiro também serão embarcadas com destino à indústria de chocolates europeia.

O veleiro Artemis, que está realizando sua primeira viagem, foi construído no Vietnã e chegou ao Brasil diretamente de seu estaleiro. A escolha do Porto de São Sebastião para essa operação considera a infraestrutura sustentável do local, que possui o selo verde.
O porto também foi escolhido devido à sua profundidade no canal de navegação e à localização estratégica da região.

O Artemis conta com velas que cobrem uma área de 3.000 metros quadrados, e seu mastro principal atinge 65 metros de altura. A energia eólica gerada pelas velas é armazenada em baterias e utilizada para alimentar a operação do veleiro, incluindo iluminação e equipamentos.

Quando não há vento suficiente, o navio utiliza um motor a combustão.

Café rastreado
A carga de café é completamente rastreada, permitindo aos compradores saber o processo de plantio e colheita do produto.

“Essa operação é um marco para o Porto de São Sebastião, que tem registrado crescimento significativo. Além disso, representa a exportação de um produto fundamental para o Estado de São Paulo e para o Brasil, em um formato sustentável”, afirmou Ernesto Sampaio, diretor-presidente da Docas de São Sebastião.

Em setembro de 2024, o Porto de São Sebastião realizou sua primeira exportação de café após mais de 60 anos. Mais de 8 mil toneladas de café verde de Minas Gerais e São Paulo foram enviadas para a Alemanha.

Rafael Moura, diretor de Logística da FTS Par, destacou a importância da carga: “Este transporte do café brasileiro e cacau rastreável segue uma cadeia sustentável, desde o cultivo até a entrega, reduzindo as emissões de gases poluentes.”

Além disso, o Porto de São Sebastião está passando por um processo de expansão. Está em consulta pública o projeto para a construção de um novo terminal, com investimentos de R$ 660 milhões.

A nova infraestrutura aumentará significativamente a capacidade do porto, ampliando a movimentação de cargas e gerando empregos para a região.

Embarques
No primeiro semestre de 2024, o Porto de São Sebastião atingiu um recorde histórico em movimentação de cargas. Foram 760 mil toneladas movimentadas, o que representa um aumento de 57% em relação ao mesmo período de 2023.

Entre os principais produtos importados pelo porto estão barrilha, sulfato de sódio, malte, cevada, trigo, produtos siderúrgicos, máquinas e equipamentos, bobinas de fio de aço e cargas gerais.

Já as exportações incluem açúcar, peças, máquinas e equipamentos, coque de petróleo, produtos siderúrgicos e cargas gerais.

Fabio Frattini Manzini
Agrofy News
repórter freelancer