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Agronegócio

Brasil tem primeiro déficit comercial em arroz desde 2017

Setor se prepara para a entrada da nova safra nos Estados Unidos

O setor de arroz brasileiro registrou um saldo comercial negativo significativo na temporada 2024/25. Os dados são Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). É o primeiro déficit comercial em arroz desde 2017.

De acordo com o levantamento, o saldo negativo alcançou 152,07 mil toneladas de arroz base casca, revertendo o superávit de 99,93 mil toneladas registrado na temporada anterior.


As exportações do grão base casca entre março e julho totalizaram 549,14 mil toneladas, uma queda expressiva de 37,48% em relação as 754,94 mil toneladas exportadas no mesmo período da temporada 2023/24.

A redução nas exportações foi particularmente acentuada, um declínio de 63,6%, com 159,71 mil toneladas exportadas em comparação com 438,17 mil toneladas no ano anterior.

Estados Unidos
Segundo o consultor e analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, com o fim da primeira quinzena de agosto, o setor se prepara para a entrada da nova safra nos Estados Unidos, um dos principais concorrentes do Brasil na exportação de arroz, especialmente do grão em casca.

Enquanto algumas regiões dos EUA já iniciaram a colheita, os maiores produtores, como o Arkansas, deverão começar apenas no início de setembro.

“Atualmente, os preços de exportação do arroz em casca dos EUA estão em torno de US$ 385 por tonelada, enquanto os preços brasileiros superam US$ 460 por tonelada. Essa diferença de aproximadamente 20% torna o produto americano significativamente mais competitivo, o que tem limitado as exportações brasileiras e reduzido a capacidade de recuperar mercados importantes como México, Costa Rica e outros países da América Central e Caribe”, explica.

Arroz quebrado na contramão
As exportações de arroz quebrado, por outro lado, registraram um aumento de 12,4%, atingindo 232,46 mil toneladas, em contraste com 206,87 mil toneladas embarcadas na temporada passada.

O cereal branco também teve crescimento nos embarques, com 155,43 mil toneladas exportadas, contra 109,37 mil toneladas no mesmo período da temporada anterior. No caso do arroz descascado, o volume exportado subiu para cerca de 1,5 mil toneladas, uma melhora em relação às 530 toneladas exportadas na temporada anterior.

Importações: avanço
No lado das importações, o Brasil avançou 7,05% em relação ao volume de arroz base casca importado, que totalizou 701,21 mil toneladas, comparado às 655,01 mil toneladas da temporada anterior.

A importação de arroz branco subiu para 457,91 mil toneladas, frente às 355,46 mil toneladas de 2023. Em contraste, as importações de arroz descascado diminuíram 19,04%, totalizando 217,38 mil toneladas, em comparação com 268,49 mil toneladas na temporada anterior.

Oliveira destacou que, apesar da perspectiva de uma safra norte-americana pressionando os preços no segundo semestre, ainda há esperança para exportações de arroz branco e quebrado até o final do ano.

A recuperação dos preços internos, no entanto, depende crucialmente de uma reação positiva na demanda interna. No Rio Grande do Sul, por exemplo, os preços permanecem estáveis, em torno de R$ 118 a R$ 119 por saca, com dificuldades para reagir devido à baixa demanda interna.

“Esperamos uma produção maior para a próxima temporada, com previsões de aumento na produção no Brasil e na região do Mercosul, devido a melhores condições climáticas e níveis adequados de água nas barragens”, prevê o analista.

Conforme Oliveira, porém, a grande oferta esperada para 2025 exige uma recuperação da demanda interna e um escoamento eficiente para evitar um cenário de preços pressionados e margens pouco atrativas para os produtores.

redação com informações da Agência Safras | Agrofy News

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