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Agronegócio

Arroz: produtores estão apreensivos com custos elevados e desvalorização

A safra de arroz no Rio Grande do Sul está estimada pela Emater em pouco mais de 7 milhões de toneladas, queda de quase 8% em relação à safra passada

A nova safra de arroz começa a ganhar forma no Rio Grande do Sul, o estado é o principal produtor da cultura no país e teve redução de área plantada.

Muitos produtores estão apreensivos com custos e com a desvalorização do preço da saca.

Aos poucos os espelhos d’água vão dando espaço para o verde da nova safra de arroz.

Em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, o produtor Rodrigo Guelere planta 250 hectares.

Neste ano o clima não está colaborando e a lavoura está atrasada. Dias frios, com pouca insolação, fazem o arroz crescer mais devagar.

“Eu acredito que poderia estar melhor tá. O fato de pouca luz e baixa temperatura. Bem provável que no final a produção vai ser menor por causa desses fatores”, diz. 

Arroz no Rio Grande do Sul
O arroz já chegou a ocupar 1,1 milhão de hectares na Safra 10/11 e se manteve nesse ritmo até o ciclo 17/18.

Na safra passada a área caiu para 940 mil hectares e nesta, houve uma nova baixa e não deve passar de 862 mil hectares.

Entre os principais motivos para esta redução está a desvalorização do preço do arroz nos últimos anos.

Em contrapartida os custos de produção vem subindo e, com isso, culturas mais rentáveis como a soja vem ganhando espaço sobre a lavoura arrozeira. 

“O produtor médio que colhe 181 sacos por hectare ele precisará vender a R$ 84 a saca no ano que vem para empatar. Quando ele decidiu plantar arroz o preço de mercado estava R$ 76, ou seja, ele tinha que ao longo, até a comercialização da safra que vem, buscar R$ 8 no mercado ou contar muito mais com a sorte do que qualquer outra coisa”, afirma Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul.

Na propriedade do Rodrigo, por exemplo, são necessárias 3 sacas de arroz para pagar uma de adubo. 

“Sem dúvidas nós estamos diante dos maiores custos de produção da história. Se você for converter arroz e insumos com certeza é um dos momentos mais difíceis que a gente já passou até hoje”, desabafa. 

“O custo de produção do arroz aumentou em torno de 60% em dois anos e isso preocupa e faz com que muitos produtores de arroz comecem a plantar soja, milho, intensifiquem a pecuária no sistema de produção exatamente para não ter dependência do arroz em função do alto custo”, explica Alexandre Velho, presidente da Federarroz.

Diante de todo esse cenário, a área com soja cresceu 12,6% sobre a área de arroz na safra passada, com mais de 417 mil hectares.

A Farsul destaca que a produção poderia ser ainda menor caso não houvesse o aumento das exportações, que ajudam a manter um patamar de preço. 

“Não adianta produzir o que o mercado não quer. não é um desejo do produtor. Ele está reagindo aos estímulos que o mercado está dando e os estímulos são claros. Plante mais isso porque queremos mais isso e plante menos aquilo porque queremos menos aquilo. Agora eu não vejo nenhuma possibilidade do Rio Grande do Sul deixar de ser o maior produtor porque não vejo outros estados entusiasmados a assumir esta posição. o que eu vejo sim é uma concentração cada vez maior de produção de arroz em propriedades capazes de superar esses obstáculos com produtividades bem acima das médias esperadas”, complementa Antônio da Luz. 

A safra de arroz no Rio Grande do Sul está estimada pela Emater em pouco mais de 7 milhões de toneladas, queda de quase 8% em relação à safra passada.


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