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Agronegócio

Aprosoja dispara contra levantamento da Conab: "prejudica o produtor"

Para entidade, dados são imprecisos e não refletem a realidade do setor / Por redação com informações da Aprosoja-MT | Agrofy News

Na última semana, a Aprosoja-MT também enviou um ofício ao Mapa, com sugestões de medidas para amenizar a crise. (Foto - Wenderson Araujo/CNA)


Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, os dados oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetando a safra de soja 2023/2024 são imprecisos e tem prejudicado os agricultores.

Desde o início do ano, vem ocorrendo a divergência entre as estimativas da Conab – que aponta para uma safra recorde - e as apresentadas por consultorias independentes, além das Aprosojas. Cada uma aponta um cenário.

“No campo, todos os produtores discordam desses números da Conab e se mostram até revoltados, pois têm prejudicado muito a renda do agricultor”, afirma Lucas.

Entenda a divergência
Pesquisas feitas pela Aprosoja-MT e Aprosoja Brasil apontam uma redução de mais de 20% no Estado e mais de 12% em todo país, principalmente por conta das diversas ondas de calor e longos períodos de estiagem na safra de soja 2023/24.

Apesar dessa percepção de quebra expressiva, os números da Conab apontam uma “safra recorde” no País, em 155 milhões de toneladas.

Em seu último levantamento, divulgado no dia 10 de janeiro, a Conab ainda indicava uma safra de 155 milhões de toneladas, 0,4% superior à produção alcançada na temporada anterior.

Por outro lado, pesquisa feita pela Aprosoja Brasil, junto com as demais Aprosojas, apontam para uma produção de 135 milhões de toneladas, diferença de 20 milhões de toneladas.

A próxima divulgação de safra da Conab será dia 8 de fevereiro.

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Mudança de sistema
Para o presidente da Aprosoja-MT, uma das formas de o governo ajudar o sojicultor a superar essa crise seria a alteração na metodologia de pesquisa da Conab, trazendo números que refletem melhor a realidade do campo para o mercado de commodities.

Lucas calcula que um eventual aumento na cotação da soja, na casa dos R$ 10 por saca, considerando uma produtividade de 50 sacas por hectare, injetaria R$ 22 bilhões a mais na economia brasileira.

Já no cenário mato-grossense, o aumento seria de mais de R$ 6 bilhões, gerando mais movimento na economia e na geração de empregos.

“Nos preocupa muito a metodologia que a Conab tem usado para fazer esses levantamentos, já que o agricultor, que é quem melhor conhece a sua lavoura, não concorda com esses números. O que o governo pode fazer agora para iniciar ajudando o produtor é buscar uma nova metodologia, realinhar esses números com a realidade das lavouras, para que possa trazer justiça e preços coerentes”, destaca.

Cotação em queda
Desde o início do plantio da soja em Mato Grosso, a cotação da soja caiu 18%, apontam os números do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Em 15 de setembro de 2023, a soja disponível em Sorriso, maior produtor da oleaginosa no país, estava cotada em R$ 119, mas veio depreciando até chegar em R$ 97,50, na última sexta-feira (dia 26).

Esse valor é insuficiente até mesmo para o cobrir seus custos de produção, o que deve fazer com que sojicultores de Mato Grosso enfrentem muitas dificuldades na safra, aponta a Aprosoja-MT.

Sugestões ao Mapa
Na última semana, a Aprosoja-MT também enviou um ofício para a Secretaria de Política Agrícola do Ministério de Agricultura e Pecuária (SPA/Mapa), com sugestões de medidas para amenizar a crise.

A associação sugere ao secretário de Política Agrícola, Neri Geller, a destinação de R$ 500 milhões do Tesouro para suportar o alongamento das dívidas dos produtores de Mato Grosso, conforme prevê o Manual de Crédito Rural (MCR).

Propõe também a criação de duas linhas emergenciais de crédito, a primeira em dólar, no montante de US$ 1,95 bilhão via BNDES, com taxa de 5,5% ao ano, mais variação cambial.

 A segunda linha de crédito proposta, em reais, estimada em R$ 1,05 bilhão de orçamento extra para equalização com recursos do Tesouro, com taxa de 7% ao ano.

Para as duas linhas, a entidade sugere cinco anos de prazo e um ano de carência.

Além disso, pede que as medidas não prejudiquem o limite e o rating dos produtores afetados, o que vai exigir celeridade na aprovação e liberação dos recursos.

A Aprosoja-MT também propõe que o Mapa coordene diálogos com as tradings para discutir as cláusulas denominadas washout, uma vez que há produtores com grandes perdas e não conseguirão entregar o produto negociado.

A entidade requer que “os percentuais sejam reajustados, no mínimo, aos patamares a que essas companhias são submetidas em contratos internacionais”.

 No ofício, também consta o pedido para o fortalecimento do Seguro Rural e o desenvolvimento de novos instrumentos de gestão de risco.

O objetivo, diz o documento, é evitar que o Poder Público seja demandado no futuro a desembolsar grandes montantes para manter a agricultura viável, e por consequência, a economia do país.

O ofício também pede que a SPA atue pela extinção da Moratória da Soja, acordo comercial que proíbe a compra da soja produzida em áreas desmatadas após 2008 no bioma da Amazônia, mesmo que legalmente, se sobrepondo ao Código Florestal.

Página:

https://portalghf.com.br/noticia/agronegcio/2024/01/30/aprosoja-dispara-contra-levantamento-da-conab-prejudica-o-produtor/17523.html