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Agronegócio

Apesar de bilionário, setor de tabaco é tratado como "patinho feio" do agro

País lidera exportações globais há 30 anos, mas recebe "total indiferença" do governo

Um setor bilionário e praticamente esquecido quando o assunto é o agronegócio. Essa poderia ser a descrição da produção de tabaco no Brasil que lidera as exportações globais do produto há 30 anos.

Os números demonstram a grande importância do segmento no cenário do agro brasileiro, especialmente no Sul do país. Segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Brasil embarcou 512 mil toneladas de tabaco em 2023 e gerou divisas de R$ 13,71 bilhões (US$ 2,72 bilhões).

Ao todo, 107 países compraram o produto. A União Europeia liderou com 42% do total embarcado, seguida de Extremo Oriente (31%), África/Oriente Médio (11%), América do Norte (8%) e América Latina (8%). Bélgica, China, Estados Unidos e Indonésia continuam no ranking de principais importadores.

A participação do tabaco nas exportações foi de 0,80% no Brasil, 4,51% na Região Sul e, no Rio Grande do Sul, estado que é o maior produtor, chegou a 11,19%.

Ainda assim, na opinião de Marcilio Dreschar, presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o setor recebe pouca ou quase nenhuma atenção dos entes governamentais.

“Diante da falta de apoio e reconhecimento, precisamos nos unir ainda mais. Não existe setor de tabaco de forma isolada e a união entre produtores e empresas é muito importante”, reforça.

Ele é anfitrião da Reunião Regional das Américas de 2024, promovida pela Associação Internacional dos Países Produtores de Tabaco (ITGA), que ocorreu nesta segunda-feira (dia 18) em Santa Cruz do Sul (RS).

“Pude entender até que ponto representantes da cadeia estão empenhados na defesa do setor, remando contra uma corrente discriminatória que os difama e os assedia há quase 20 anos”, disse José Javier Aranda, presidente da ITGA, em sua saudação de abertura.  

Segundo ele, o mais triste é constatar que a corrente antitabaco vem da posição oficial do governo brasileiro nas discussões que se estabeleceram em diferentes COPs.

“O governo do Brasil manifesta uma indiferença absoluta diante um setor que representa milhares de pessoas. Por isso, eu solicito que não ignorem essa importante cadeia produtiva, considerando que o Brasil é um exemplo para o mundo em boas práticas sociais, ambientais e de produção”, disse Aranda, que é argentino.

Desenvolvimento social
Em sua participação, o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, apresentou a pesquisa ‘Perfil socioeconômico do produtor de tabaco da Região Sul do Brasil’, realizada no segundo semestre de 2023, pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEPA/UFRGS).

O estudo revela que a renda média per capita familiar dos produtores de tabaco da Região Sul do Brasil é de R$ 11.755,30, ficando a renda per capita em R$ 3.540,75, enquanto a renda per capita média do brasileiro é de R$ 1.625,00 (IBGE, 2022).

Outras informações constatadas são, por exemplo, de que 80% dos produtores de tabaco enquadram-se nas classes sociais A e B, enquanto a média geral brasileira não chega a 25%.

O melhor padrão social dos produtores de tabaco é percebido também na base da pirâmide, pois apenas 19,6% estão nos estratos C e D, situação que é a realidade de quase 76% da população brasileira.

“Somos muito acusados de que destruímos as florestas nativas, que temos trabalho infantil, que não cuidamos da saúde e segurança do produtor. Isso não acontece no Brasil e a pesquisa, conduzida por um centro idôneo, está aí para provar.”, destacou Schünke.

Redação | Agrofy News

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https://portalghf.com.br/noticia/agronegcio/2024/03/18/apesar-de-bilionrio-setor-de-tabaco-tratado-como-patinho-feio-do-agro/18283.html