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Agronegócio

Análise de mercado do milho

No mercado do milho, o cenário externo também registra movimento altista nas cotações em Chicago, no período dos últimos 45 dias

No mercado do milho, o cenário externo também registra movimento altista nas cotações em Chicago, no período dos últimos 45 dias, porém, em ritmo bem menor do que o da soja. O bushel, que estava em US$ 5,91 no dia 16/12, passou a US$ 6,46 no dia 09/10. Ou seja, um ganho de 9,3% no período. O mercado está pouco considerando a quebra da safra de verão brasileira (mais uma). Tanto é verdade que o relatório de oferta e demanda do USDA, neste último dia 09/02, para o ano comercial 2021/22, apontou para uma safra mundial de 1,205 bilhão de toneladas e estoques finais mundiais em 302,2 milhões. Em ambos os casos, um recuo de pouco mais de um milhão de toneladas em relação a janeiro.


A colheita dos EUA, finalizada em novembro, se manteve em 383,9 milhões de toneladas, enquanto o estoque final, igualmente foi mantido em 39,1 milhões naquele país. Já a safra brasileira foi reduzida em apenas um milhão de toneladas, ficando agora estimada em 114 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina ficou mantida em 54 milhões. Nos dois casos, em nosso entender, também superestimadas considerando a realidade climática existente nestes países sul-americanos. O preço médio ao produtor de milho dos EUA, para o corrente ano comercial, ficou sem alteração, em US$ 5,45/bushel. Ou seja, pouco mais de um dólar abaixo do que Chicago vem, atualmente, praticando. Por sua vez, na semana encerrada em 03 de fevereiro, os EUA embarcaram 1,05 milhão de toneladas de milho, ficando dentro das projeções do mercado. Com isso, o total embarcado no atual ano comercial atinge a 18,6 milhões de toneladas, volume este 14% abaixo do registrado em igual período do ano anterior. No Brasil, o ano de 2022 iniciou com parte do mercado do milho brasileiro vivendo a continuação dos problemas enfrentados na oferta nacional do produto em 2021. Após a forte quebra na segunda safra (safrinha) do ano passado, mais uma vez o Centro-Sul brasileiro enfrenta prejuízos em sua safra de verão, especialmente no Rio Grande do Sul.

Assim, além da forte alta nos custos de produção (no mercado gaúcho tais custos subiram mais de 50% em relação a safra anterior), o clima seco trouxe um acréscimo considerável de perda de rentabilidade aos produtores do cereal. No final de janeiro, com a colheita de verão atingindo a 20% no Brasil e 50% no Rio Grande do Sul, a estimativa de produção recuava sensivelmente. Neste início de fevereiro a mesma estava entre 20 e 22,7 milhões de toneladas para o Centro-Sul, com recuo entre 5 e 7 milhões em relação as projeções iniciais. No Rio Grande do Sul as perdas chegavam a 80%, havendo inclusive problemas nas lavouras irrigadas. E isso atinge tanto o milho grão quanto o milho silagem, estendendo os prejuízos para as atividades pecuárias. Com isso, o Estado gaúcho, tradicional importador do cereal, deverá dobrar o volume importado neste ano, com o mesmo podendo chegar entre 3 e 4 milhões de toneladas. Embora esperando-se que a safrinha deste ano se recupere no país, levando a safra total a um aumento de 30% sobre o obtido em 2021 (a Conab projeta uma safra total em 113 milhões de toneladas, contra 87 milhões no ano anterior), a situação de oferta geral preocupa. Afinal, após as importantes perdas na safrinha passada, o Brasil tem indicativo de uma redução de 26% na atual safra de verão, lembrando que já havia tido perdas na safra de verão anterior (naquele ano o Rio Grande do Sul já havia perdido ao redor de 50% da safra). Desta forma, a escassez na oferta do cereal é preocupante. 

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Este fator está fazendo com que os preços do milho grão continuem subindo, particularmente no Estado gaúcho. Neste momento de fevereiro o preço médio está em R$ 94,93/saco (em 16/12 esta média estava em R$ 81,66/saco), enquanto no restante do país os mesmos estão entre R$ 75,00 e R$ 96,00/saco (em 16/12 estavam entre R$ 65,00 e R$ 85,00/saco). Assim, em relação ao início do plantio da atual safra de verão, tais preços representam um aumento médio de cerca de 16% nos Estados atingidos pela seca. Por sua vez, nas regiões onde há excesso de chuvas, especialmente no Centro-Oeste e Sudeste, os preços do milho continuam estáveis e, em alguns casos, em recuo (em Campo Novo do Parecis-MT, por exemplo, entre o início de setembro e este início de fevereiro, o saco de milho passou de R$ 78,00 para R$ 75,00). Assim, contrariamente a soja, os prejuízos com o milho, neste momento, estão mais concentrados regionalmente, porém, se sobrepõem ao que já se perdeu no ano passado, gerando um somatório crescente de perdas que reduz os estoques, compromete o abastecimento interno, e atinge as exportações.

Hoje, a oferta adequada de milho no mercado nacional, está, mais do que nunca, na dependência de um sucesso na futura safrinha do cereal. E, mais uma vez, será preciso combinar com o clima para que isso ocorra. Neste cenário, os preços do cereal, pelo menos no sul do país, continuarão pressionados. Dito isso, em termos mais conjunturais, no Paraná o milho safrinha apresenta 85% das lavouras em boas condições e 15% em médias condições. Já a safra de verão atingiu uma colheita de 19% da área, contra 10% no mesmo período do ano anterior. Este milho igualmente foi atingido pela seca, sendo que atualmente 24% das lavouras paranaenses estão em situação ruim. (cf. Deral)

Por outro lado, no Mato Grosso, pelo ritmo avançado na colheita da soja espera-se que o plantio do milho safrinha seja feito 94% da área dentro da janela considerada ideal. Estima-se uma produção de milho safrinha, neste Estado, em 40,4 milhões de toneladas, sendo ela 24% acima do registrado no frustrado ano anterior. A área de milho safrinha foi estimada em 6,3 milhões de hectares, com alta de 7,4% sobre o ano anterior. Hoje, o plantio da safrinha no Mato Grosso chega a 42% da área esperada. (cf. Imea)

Enfim, em termos de exportação de milho, nos primeiros quatro dias úteis de fevereiro tem-se um volume de apenas 94.566 toneladas, o que representa 12,2% do total exportado em todo o mês de fevereiro de 2021. A média diária de embarques em fevereiro está 45,2% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado. O preço da tonelada exportada subiu 24,8% em relação ao ano passado, atingindo agora a US$ 272,00, contra US$ 217,90 um ano antes. (cf. Secex)

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