O Cepea, da Esalq/USP, divulgou ontem (31/08) os valores pagos ao produtor pelo litro de leite, referente à matéria prima entregue em julho e paga em agosto na média Brasil.

Segundo o Centro de Estudos, o valor fechou em R$2,3595, 2,06% superior ao valor observado em julho ($2,3108).

Diante da demanda enfraquecida, principalmente devido ao menor poder de compra da população, era esperado que o preço ao produtor se estabilizasse, mesmo na entressafra. Contudo, os eventos climáticos em quase todo o país limitaram ainda mais a oferta e acirraram a competição das indústrias por matéria-prima, levando a um novo aumento de preços no campo.

As secas e as geadas observadas nas principais regiões produtoras do Brasil impactaram negativamente as safras de milho e soja, encarecendo os produtos, que são muito utilizados na alimentação bovina. Além disso, estes mesmos eventos foram responsáveis pela diminuição da disponibilidade de pasto e outros volumosos, o que levou o produtor a depender ainda mais do concentrado para alimentar os animais.

Prova do constante aumento dos custos no campo foi a nova alta de 1,26% do Custo Operacional Efetivo (COE) calculado pelo Cepea em relação a julho na média Brasil. No acumulado de janeiro a julho, a alta foi de 12,9%, enquanto a receita subiu apenas 6%.

Gráfico 1 - Valores do preço do leite/litro na média Brasil.

MilkPoint Mercado: o indicador Receita Menos Custo de Alimentação e as expectativas futuras

A elevação de preços observada nos últimos meses até foi capaz de melhorar a rentabilidade da produção de leite, mas apenas se compararmos com os meses passados deste ano de 2021. Quando olhamos para as médias de anos anteriores, temos que os valores observados seguem abaixo do padrão, mantendo algum desincentivo a produção de leite.

Abaixo, temos números exclusivos do MilkPoint Mercado a respeito do RMCA de um produtor top 100:

Gráfico – Receita Menos Custo de Alimentação – Produtor Top 100 (R$/vaca/dia):

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omo podemos observar, nem mesmo o “preço recorde” do leite tem sido capaz de combater a inflação dos custos de produção. Neste cenário, de rentabilidade abaixo da média histórica, é difícil imaginarmos um “boom” de produção nos próximos meses.

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Fica a expectativa para o lado da demanda: a recuperação econômica ocorrerá rapidamente? Como o consumidor irá lidar com a inflação no varejo? O nível de consumo voltará a subir?

Aguardamos cenas dos próximos capítulos...