Soja e milho lideram exportações recordes do agronegócio, apesar de desafios climáticos e tensões comerciais
A soja e o milho continuam a se destacar como os principais motores do agronegócio brasileiro, com produção robusta e perspectivas positivas para o restante de 2025.

A soja e o milho continuam a se destacar como os principais motores do agronegócio brasileiro, com produção robusta e perspectivas positivas para o restante de 2025. Segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), a colheita da soja atingiu 85,3% da área plantada até a primeira semana de abril, superando a média dos últimos cinco anos. A produção tem potencial para alcançar o recorde de 172 milhões de toneladas, mesmo com perdas severas em estados como Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, onde a estiagem comprometeu mais de 50% da produtividade em algumas regiões.
Em março, o Brasil exportou um volume inédito de 15,7 milhões de toneladas de soja, estabelecendo o maior patamar mensal já registrado. O acumulado de exportações para o ano pode chegar a 110 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno também deve bater recordes, com expectativa de atingir 60 milhões de toneladas.
No caso do milho, a produção também apresenta crescimento, podendo alcançar cerca de 130 milhões de toneladas em 2025. O plantio da segunda safra está praticamente concluído nos principais estados produtores, com 99,1% da área já cultivada. O consumo interno, estimulado pelo aumento da produção de etanol a partir do cereal, pode chegar a 87 milhões de toneladas. As exportações devem somar 42 milhões de toneladas até o final do ano.
Tensões comerciais globais e acordos estratégicos
Apesar dos números positivos, o cenário internacional impõe desafios. As recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas de diversos países, incluindo o Brasil, geram incertezas quanto ao impacto no comércio global. Embora ainda seja cedo para mensurar os efeitos, especialistas da ANEC alertam que pressões sobre os preços internacionais e as margens de esmagamento de soja podem desacelerar as importações chinesas – o que preocupa, já que a China responde por cerca de 75% das exportações brasileiras da oleaginosa.
Por outro lado, a ANEC enxerga com otimismo a possibilidade de ampliação das exportações brasileiras para a União Europeia, impulsionadas pelo recente acordo entre o Mercosul e o bloco europeu. A expectativa é de que o Brasil aproveite a janela para diversificar mercados e reduzir sua dependência de grandes importadores, como a China.
Exportações em alta no primeiro trimestre
As estatísticas do primeiro trimestre de 2025 reforçam o bom momento das exportações do agronegócio. Em comparação com o mesmo período de 2024, houve aumento nos embarques de soja, farelo de soja, trigo e milho. Os principais destinos da soja brasileira, entre janeiro e março, foram China, Tailândia, Vietnã, Países Baixos e Espanha.
Em relação ao farelo de soja, os maiores compradores foram Indonésia, Tailândia e Vietnã. Já o milho teve destaque com exportações para Irã, Japão, Coreia do Sul, Vietnã e Egito.
O agronegócio brasileiro segue resiliente, impulsionado por uma safra promissora e pela forte demanda externa. Ao mesmo tempo, o setor precisa estar atento às movimentações no cenário internacional, especialmente diante das tensões comerciais com os Estados Unidos e da volatilidade nos preços globais de insumos. A busca por novos mercados e a diversificação das exportações serão estratégias fundamentais para manter o crescimento e a competitividade do setor ao longo de 2025.
Por Cristiane Ferreira
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