Ameaças climáticas e o avanço do bicho-mineiro podem causar até 70
A incidência do bicho-mineiro é uma ameaça silenciosa que vem aumentando devido as mudanças climáticas e pode reduzir significativamente a produtividade das lavouras de café, comprometendo a safra atual e futura.

Panorama do café
A cafeicultura brasileira desempenha um papel estratégico essencial na economia nacional, consolidando o Brasil como líder absoluto no cenário global da produção e exportação de café. Em 2022, o país foi responsável por cerca de 30% da produção mundial do grão, com uma exportação total de aproximadamente 2,2 milhões de toneladas (equivalente a 39,4 milhões de sacas de 60 kg), gerando um faturamento significativo para o agronegócio nacional. Além de sua importância econômica, o café é uma das culturas mais tradicionais do Brasil, representando não apenas uma commodity, mas também um símbolo cultural que conecta milhões de pequenos, médios e grandes produtores em diferentes regiões produtoras, como Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Espírito Santo.
Em 2025, a produção nacional está estimada em 51,81 milhões de sacas, cultivadas em uma área de 1,85 milhão de hectares, reforçando a relevância do setor para a geração de empregos e renda no campo. Essa atividade agrícola também se destaca por sua contribuição ao desenvolvimento sustentável, com avanços em práticas de cultivo que buscam equilibrar produtividade, preservação ambiental e inclusão social
No entanto, apesar do cenário positivo em termos de mercado, a cafeicultura enfrenta desafios crescentes, especialmente relacionados às mudanças climáticas e ao aumento da incidência de pragas. Entre elas, destaca-se o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella), uma das ameaças mais destrutivas à produtividade do cafeeiro.
Ameaças climáticas e o avanço do bicho-mineiro
As mudanças climáticas têm sido um fator determinante para o avanço do bicho-mineiro. Com o aumento das temperaturas e a escassez de chuvas em regiões tradicionalmente produtoras, como o Sul de Minas e o Cerrado Mineiro, a praga encontrou condições ainda mais favoráveis para sua proliferação.
Para entender os impactos e como mitigar os efeitos dessa doença, conversamos com Fernando Gilioli, engenheiro agrônomo e gerente de Marketing Regional da IHARA, que avalia “o bicho-mineiro tem desafiado cada vez mais o cafeicultor na busca por produtividade” e alerta que “a pressão dessa praga está crescendo, comprometendo significativamente a safra atual e futura“. Segundo o especialista, o ciclo de vida do inseto é diretamente influenciado pelo clima, sendo acelerado em ambientes quentes e secos. Esse cenário preocupante foi corroborado por estudos recentes que indicam um aumento significativo no número de gerações da praga por ano, devido ao aquecimento global. Aperte o play no vídeo abaixo!
Fernando ressalta também que “regiões como o Serrado Mineiro, que antes não sofriam tanto com o ataque do bicho-mineiro, estão experimentando surtos mais intensos“. Essa expansão geográfica da praga tem levado os produtores a investirem mais em controle preventivo, aumentando os custos de produção e impactando diretamente a rentabilidade das lavouras.
Impactos econômicos e produtivos
O bicho-mineiro é uma praga altamente destrutiva, capaz de reduzir a produtividade das lavouras em até 70% em casos severos. Sua larva se alimenta do mesofilo das folhas, causando necrose, desfolha e comprometendo a fotossíntese das plantas. Como consequência, além da queda na qualidade e quantidade dos grãos, há um impacto negativo na safra subsequente, já que as plantas demoram mais tempo para se recuperar.
Como mencionado pelo especialista da Ihara, dados da consultoria Carlos Cogo apontam que a estimativa para a safra 2025/26 é de uma queda de 4,4% na produção, totalizando cerca de 51 milhões de sacas. Esse declínio está diretamente relacionado às dificuldades no manejo de pragas como o bicho-mineiro, além das condições climáticas adversas. O preço do café, por sua vez, reflete essa pressão: segundo o Cepea, houve um aumento de 150% no último ano, impulsionado pela escassez de oferta e pelos custos elevados de controle de pragas.
Estratégias de manejo e controle
Para mitigar os danos causados pelo bicho-mineiro, é essencial adotar um manejo integrado que combine monitoramento precoce, controle químico e biológico, e o uso de tecnologias inovadoras. Fernando Gilioli destaca que “o monitoramento é fundamental para identificar a presença da praga em estágios iniciais, permitindo intervenções preventivas antes que a infestação atinja níveis críticos“.
Entre as soluções recomendadas pela Ihara estão:
- Controle via solo: Produtos como o Maxsan, um inseticida sistêmico, são eficazes por sua rápida absorção e distribuição pela planta, proporcionando proteção tanto nas raízes quanto nas folhas.
- Controle foliar: O Hayate, um inseticida que age paralisando a alimentação das larvas, é outra ferramenta importante para prevenir danos foliares e reduzir a desfolha.
O bicho-mineiro pode completar até 12 gerações por ano em condições ideais, exigindo estratégias contínuas de manejo. A praga é altamente adaptável a diferentes condições climáticas, tornando seu controle ainda mais desafiador. Em condições de estresse hídrico, as plantas tendem a ser mais suscetíveis ao ataque, pois produzem menos metabólitos secundários, como fenóis, que conferem resistência natural.
A Ihara é uma empresa brasileira de capital fechado com origem japonesa, reconhecida por sua atuação no desenvolvimento de defensivos agrícolas e soluções inovadoras para o manejo de pragas e doenças nas lavouras. Com mais de 60 anos de atuação ao lado dos agricultores, a companhia se destaca no mercado de inovação e tecnologia, oferecendo produtos eficazes e sustentáveis para diversas culturas, incluindo o café. A empresa também investe em pesquisas e práticas que promovem a proteção das plantações de forma alinhada às necessidades do agronegócio moderno.
O bicho-mineiro representa uma ameaça crítica para a cafeicultura brasileira, especialmente em um contexto de mudanças climáticas. Com a combinação de pesquisa científica, inovação tecnológica e práticas sustentáveis, o Brasil tem a oportunidade de continuar liderando o mercado global de café, mesmo diante dos desafios impostos por pragas como estas.
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