Ameaças climáticas e o avanço do bicho-mineiro podem causar até 70

A incidência do bicho-mineiro é uma ameaça silenciosa que vem aumentando devido as mudanças climáticas e pode reduzir significativamente a produtividade das lavouras de café, comprometendo a safra atual e futura.

Ameaças climáticas e o avanço do bicho-mineiro podem causar até 70
Ilustrativa

Panorama do café

A cafeicultura brasileira desempenha um papel estratégico essencial na economia nacional, consolidando o Brasil como líder absoluto no cenário global da produção e exportação de café. Em 2022, o país foi responsável por cerca de 30% da produção mundial do grão, com uma exportação total de aproximadamente 2,2 milhões de toneladas (equivalente a 39,4 milhões de sacas de 60 kg), gerando um faturamento significativo para o agronegócio nacional. Além de sua importância econômica, o café é uma das culturas mais tradicionais do Brasil, representando não apenas uma commodity, mas também um símbolo cultural que conecta milhões de pequenos, médios e grandes produtores em diferentes regiões produtoras, como Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Espírito Santo.

Ameaças climáticas e o avanço do bicho-mineiro podem causar até 70% de perdas nas lavouras de café

Em 2025, a produção nacional está estimada em 51,81 milhões de sacas, cultivadas em uma área de 1,85 milhão de hectares, reforçando a relevância do setor para a geração de empregos e renda no campo. Essa atividade agrícola também se destaca por sua contribuição ao desenvolvimento sustentável, com avanços em práticas de cultivo que buscam equilibrar produtividade, preservação ambiental e inclusão social

No entanto, apesar do cenário positivo em termos de mercado, a cafeicultura enfrenta desafios crescentes, especialmente relacionados às mudanças climáticas e ao aumento da incidência de pragas. Entre elas, destaca-se o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella), uma das ameaças mais destrutivas à produtividade do cafeeiro.

Ameaças climáticas e o avanço do bicho-mineiro

Ameaças climáticas e o avanço do bicho-mineiro podem causar até 70% de perdas nas lavouras de café

As mudanças climáticas têm sido um fator determinante para o avanço do bicho-mineiro. Com o aumento das temperaturas e a escassez de chuvas em regiões tradicionalmente produtoras, como o Sul de Minas e o Cerrado Mineiro, a praga encontrou condições ainda mais favoráveis para sua proliferação.

Para entender os impactos e como mitigar os efeitos dessa doença, conversamos com Fernando Gilioli, engenheiro agrônomo e gerente de Marketing Regional da IHARA, que avalia “o bicho-mineiro tem desafiado cada vez mais o cafeicultor na busca por produtividade” e alerta que “a pressão dessa praga está crescendo, comprometendo significativamente a safra atual e futura“. Segundo o especialista, o ciclo de vida do inseto é diretamente influenciado pelo clima, sendo acelerado em ambientes quentes e secos. Esse cenário preocupante foi corroborado por estudos recentes que indicam um aumento significativo no número de gerações da praga por ano, devido ao aquecimento global. Aperte o play no vídeo abaixo!

Fernando ressalta também que “regiões como o Serrado Mineiro, que antes não sofriam tanto com o ataque do bicho-mineiro, estão experimentando surtos mais intensos“. Essa expansão geográfica da praga tem levado os produtores a investirem mais em controle preventivo, aumentando os custos de produção e impactando diretamente a rentabilidade das lavouras.

Impactos econômicos e produtivos

O bicho-mineiro é uma praga altamente destrutiva, capaz de reduzir a produtividade das lavouras em até 70% em casos severos. Sua larva se alimenta do mesofilo das folhas, causando necrose, desfolha e comprometendo a fotossíntese das plantas. Como consequência, além da queda na qualidade e quantidade dos grãos, há um impacto negativo na safra subsequente, já que as plantas demoram mais tempo para se recuperar.

Ameaças climáticas e o avanço do bicho-mineiro podem causar até 70% de perdas nas lavouras de café

Como mencionado pelo especialista da Ihara, dados da consultoria Carlos Cogo apontam que a estimativa para a safra 2025/26 é de uma queda de 4,4% na produção, totalizando cerca de 51 milhões de sacas. Esse declínio está diretamente relacionado às dificuldades no manejo de pragas como o bicho-mineiro, além das condições climáticas adversas. O preço do café, por sua vez, reflete essa pressão: segundo o Cepea, houve um aumento de 150% no último ano, impulsionado pela escassez de oferta e pelos custos elevados de controle de pragas.

Estratégias de manejo e controle

Para mitigar os danos causados pelo bicho-mineiro, é essencial adotar um manejo integrado que combine monitoramento precoce, controle químico e biológico, e o uso de tecnologias inovadoras. Fernando Gilioli destaca que “o monitoramento é fundamental para identificar a presença da praga em estágios iniciais, permitindo intervenções preventivas antes que a infestação atinja níveis críticos“.

Entre as soluções recomendadas pela Ihara estão:

  • Controle via solo: Produtos como o Maxsan, um inseticida sistêmico, são eficazes por sua rápida absorção e distribuição pela planta, proporcionando proteção tanto nas raízes quanto nas folhas.
  • Controle foliar: O Hayate, um inseticida que age paralisando a alimentação das larvas, é outra ferramenta importante para prevenir danos foliares e reduzir a desfolha.

O bicho-mineiro pode completar até 12 gerações por ano em condições ideais, exigindo estratégias contínuas de manejo. A praga é altamente adaptável a diferentes condições climáticas, tornando seu controle ainda mais desafiador. Em condições de estresse hídrico, as plantas tendem a ser mais suscetíveis ao ataque, pois produzem menos metabólitos secundários, como fenóis, que conferem resistência natural.

A Ihara é uma empresa brasileira de capital fechado com origem japonesa, reconhecida por sua atuação no desenvolvimento de defensivos agrícolas e soluções inovadoras para o manejo de pragas e doenças nas lavouras. Com mais de 60 anos de atuação ao lado dos agricultores, a companhia se destaca no mercado de inovação e tecnologia, oferecendo produtos eficazes e sustentáveis para diversas culturas, incluindo o café. A empresa também investe em pesquisas e práticas que promovem a proteção das plantações de forma alinhada às necessidades do agronegócio moderno.

O bicho-mineiro representa uma ameaça crítica para a cafeicultura brasileira, especialmente em um contexto de mudanças climáticas. Com a combinação de pesquisa científica, inovação tecnológica e práticas sustentáveis, o Brasil tem a oportunidade de continuar liderando o mercado global de café, mesmo diante dos desafios impostos por pragas como estas.

AGRONEWS

FONTE: AGRONEWS
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