Após tarifaço de Trump, commodities despencam em Chicago
Soja sofreu o maior tombo com 1,78

redação com Agência Safras | Agrofy News
O anúncio de novas tarifas de importação pelos Estados Unidos, imposto nesta quarta-feira (2) pelo presidente Donald Trump, sacudiu o mercado internacional de grãos e oleaginosas.
Nesta quinta (3), as cotações de soja, milho e trigo apresentaram quedas significativas na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), refletindo o temor de uma guerra comercial mais intensa e de possíveis retaliações por parte de países importadores.
De acordo com dados de fechamento, a soja caiu para US$ 371,66 por tonelada (-1,78%), o milho recuou para US$ 180,11 por tonelada (-0,05%) e o trigo encerrou a US$ 196,94 por tonelada (-0,61%).
Analistas veem esse movimento como reação imediata ao “tarifaço” anunciado pelos EUA, que elevou em 10% a taxação sobre a maioria das importações e manteve ou ampliou tarifas para dezenas de parceiros comerciais.
No caso do milho, o mercado já vinha sofrendo pressão por conta da maior concorrência global. Há temores de que países da Ásia, especialmente a China, intensifiquem retaliações ou adotem barreiras contra o cereal norte-americano, o que ampliaria a busca por fornecedores alternativos.
Mesmo assim, as exportações semanais do milho dos EUA, de acordo com o Departamento de Agricultura do país (USDA), somaram 1,173 milhão de toneladas na semana encerrada em 27 de março, dentro das expectativas dos analistas.
Para a soja, o abalo foi ainda maior. O setor agro estadunidense teme que a China, principal compradora mundial, redirecione suas importações para a América do Sul, especialmente Brasil e Argentina, a fim de escapar das tarifas.
A queda de mais de 3% no óleo de soja, influenciada pelo recuo de quase 6% no preço do petróleo em Nova York, também contribuiu para aumentar a pressão baixista nas cotações.
Embora tenha registrado resultados mistos, o trigo não ficou imune ao clima de insegurança. Após início de pregão instável, a commodity terminou com viés negativo, puxada pelo temor de represálias comerciais e pela possibilidade de aumento de competidores no mercado externo.
As vendas semanais de trigo dos EUA ficaram em 340 mil toneladas para a safra 2024/25 e em 95,2 mil toneladas para 2025/26, números que ainda assim vieram dentro do intervalo esperado pelo mercado.
As tarifas de Trump afetam praticamente todos os países exportadores, com exceção de México e Canadá, que ficaram fora das novas imposições, embora continuem submetidos a taxas anteriores. O presidente americano aposta nessa estratégia para tentar estimular a indústria doméstica, mas enfrenta críticas tanto internas quanto externas, que apontam o risco de retaliações e redução de demanda para produtos agrícolas dos EUA.
Analistas
Para analistas consultados pela Safras & Mercado, a iniciativa protecionista deve reduzir as vendas externas de produtos como soja, milho e trigo, ao passo que estimula países importadores a buscar fornecedores alternativos.
“O final da colheita de soja no Brasil e o avanço da safra na Argentina devem intensificar esse movimento de migração de compras”, avalia o consultor Gabriel Viana.
Mesmo com a fraqueza do dólar frente a outras moedas ajudando a conter quedas mais profundas, o quadro geral segue de cautela. Há ainda preocupações sobre a possibilidade de recessão na economia americana, o que afetaria a demanda interna por produtos agrícolas e derivados.
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